sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pesquisa analisa poluição em Ipojuca e Suape

Por Caroline Vivanco, da Ascom/UFPE

Crescimento econômico, investimentos, empregos. Esses são alguns dos benefícios que a imprensa e os economistas atribuem à instalação da refinaria e do estaleiro em Pernambuco. No entanto, pouco se discute sobre o impacto ambiental que essas obras podem gerar. Analisar a poluição causada pelo despejo de esgotos domésticos e resíduos industriais em bacias como Ipojuca e Suape foi o que incentivou a doutoranda Cristiane Castro a abordar o assunto em sua tese de conclusão da Pós-graduação em Oceanografia.

Intitulada “Testes toxicológicos com Tisbe biminiensis (Copepoda, Harpacticoida): Implementação de uma Metodologia e Mapeamento de sedimentos do Porto de Suape-PE, do estuário do Rio Ipojuca-PE e uma área impactada por petróleo na Baía de Todos os Santos–BA”, a tese será concluída ano que vem e tem o apoio do CNPq e faz parte do Projeto RECUPETRO Sub-Rede RELINE. Cristiane conta que a idéia inicial era pesquisar só a área do porto de Suape, mas decidiu ampliar a análise para Ipojuca por ser uma bacia comprometida pela poluição.

Durante dois anos a pesquisadora e duas estagiárias de Oceanografia coletaram sedimentos nas duas localidades para que as condições ambientais fossem testadas em laboratório. O organismo escolhido para o teste é um crustáceo, chamado Tisbe biminiensis da Subclasse Copepoda, comum nas praias de Olinda que foi escolhido por ser uma espécie nativa da região, ter alta taxa de reprodução e por já ter estudos sobre seu ciclo de vida e alimentação.

Cristiane explica que no laboratório são realizados testes de toxicidade com os sedimentos coletados na área de estudo e medições de ph, salinidade, temperatura e oxigênio. Cumprido todos os procedimentos necessários o crustáceo é introduzido ao sedimento coletado e então observam como ele vai reagir ao mesmo. Caso o organismo apresente uma mortalidade superior ao controle ou mostre uma fecundidade baixa é indicativo de que o ambiente possa estar poluído.

A pesquisadora relata que, em determinado ponto de Suape, perto do Rio Massangana houve uma alta mortalidade do organismo: “Esta alta mortalidade pode estar correlacionada com a presença de algumas indústrias instaladas próximo a este ponto de coleta”, esclarece Cristiane. A doutoranda acrescenta que as demais áreas não apresentaram esse efeito de morte, apenas uma diminuição na reprodução.

Cristiane defende que a principal meta da pesquisa é usar este organismo para conhecer os limites de toxicidade que os ambientes estudados suportam, além de tornar público os dados coletados. “O mais importante é mostrar para as pessoas que hoje a toxidade afeta organismos pequenos, mas amanhã poderá nos afetar”, defende a pesquisadora que enfatiza a formação de uma consciência ambiental.

Os dados coletados pela pesquisa de Cristiane são fundamentais para futuros estudos e servem como base de comparação a ser utilizado pelo próprio Departamento de Oceanografia da UFPE que está elaborando o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da Refinaria Abreu e Lima. “O Departamento está fazendo o estudo e o relatório de impacto ambiental da refinaria, então é interesse saber a atual condição da área para que possam ser realizadas comparações após a sua instalação e acredito que o Departamento vai continuar com a pesquisa”, ressalta Cristiane.

Mais informações
Departamento de Oceanografia
(81) 2126.7222

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